
A televisão ocupa, hoje em dia, um lugar especial lá em casa. É a razão da existência do sofá, é como um mundo para lá de uma janela. Isto não significa, no entanto, que este mundo seja particularmente bonito, não é. É confuso, demasiado diversificado quanto ao conteúdo e traiçoeiro na mensagem.
Hoje em dia existe um programa adaptado a todo o tipo de audiências, o que, por outras palavras, significa dizer que existe uma pequena parte daquele mundo que nos diz respeito a nós, não em tudo, apenas como "pontapé de partida". Muitas vezes tudo começa com uma aproximação entre o espectador e uma personagem do programa. Em seguida virá um acompanhamento de diversas circunstâncias comuns a ambos. Finalmente o desvio, isto é, certos acontecimentos não experimentados pelo espectador mas observados e muitas vezes interiorizados como correctos. Por outras palavras, a influência da televisão começa aqui, uma realidade que se impõe a outra gradualmente. Já repararam que as pessoas dramatizam imenso nos dias que correm? Já observaram a quantidade de atitudes teatrais existentes nas relações entre as pessoas? Ou em vez disso estavam distraídos a ver televisão? Eu chamo-lhe teatralidade do ser humano contemporâneo.
Não parece grave, á partida, isto porque o assunto não é novo, a televisão como meio de distracção dos problemas do povo é um tema pisado, mas nunca ultrapassado. Os assuntos passam de moda também pelo efeito da pequena "caixinha mágica". É um adversário e tanto, deixa-nos pensar que andamos acordados, dá-nos informação sobre parte da realidade, pior que a mentira, pois gera caos e confusão nas mentes das pessoas, nunca sabemos o que é certo ou errado, no que acreditar e do que suspeitar.
Os temas por mais debatidos só fecham quando resolvidos e este não está com toda a certeza, basta sair á rua e olhar em volta para sentir a falta de espírito crítico no ar, não tão grave como fora em tempos anteriores mas o suficiente para permitir o abusivo controlo dos muitos Pequenos pelos poucos Grandes.