quarta-feira, 7 de julho de 2010

Teatralidade Contemporânea

 



 A televisão ocupa, hoje em dia, um lugar especial lá em casa. É a razão da existência do sofá, é como um mundo para lá de uma janela. Isto não significa, no entanto, que este mundo seja particularmente bonito, não é. É confuso, demasiado diversificado quanto ao conteúdo e traiçoeiro na mensagem.
 Hoje em dia existe um programa adaptado a todo o tipo de audiências, o que, por outras palavras, significa dizer que existe uma pequena parte daquele mundo que nos diz respeito a nós, não em tudo, apenas como "pontapé de partida". Muitas vezes tudo começa com uma aproximação entre o espectador e uma personagem do programa. Em seguida virá um acompanhamento de diversas circunstâncias comuns a ambos. Finalmente o desvio, isto é, certos acontecimentos não experimentados pelo espectador mas observados e muitas vezes interiorizados como correctos. Por outras palavras, a influência da televisão começa aqui, uma realidade que se impõe a outra gradualmente. Já repararam que as pessoas dramatizam imenso nos dias que correm? Já observaram a quantidade de atitudes teatrais existentes nas relações entre as pessoas? Ou em vez disso estavam distraídos a ver televisão? Eu chamo-lhe teatralidade do ser humano contemporâneo.
 Não parece grave, á partida, isto porque o assunto não é novo, a televisão como meio de distracção dos problemas do povo é um tema pisado, mas nunca ultrapassado. Os assuntos passam de moda também pelo efeito da pequena "caixinha mágica". É um adversário e tanto, deixa-nos pensar que andamos acordados, dá-nos informação sobre parte da realidade, pior que a mentira, pois gera caos e confusão nas mentes das pessoas, nunca sabemos o que é certo ou errado, no que acreditar e do que suspeitar.
 Os temas por mais debatidos só fecham quando resolvidos e este não está com toda a certeza, basta sair á rua e olhar em volta para sentir a falta de espírito crítico no ar, não tão grave como fora em tempos anteriores mas o suficiente para permitir o abusivo controlo dos muitos Pequenos pelos poucos Grandes.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um Passado Dinâmico





Um passado não é simples passado, é presente e futuro. Um passado dinâmico, com flexibilidade entre acontecimentos que ocorreram num tempo anterior mas cujas consequências dos mesmos, sendo o Universo uma cadeia de ligações imprevisíveis, podem afectar-nos no presente ou no futuro. As ramificações de um único acontecimento podem estender-se por quilómetros e quilómetros de vida sem que por vezes tenhamos noção disso.
 A ideia de um passado absoluto é comum, o que foi não volta a ser, ficou num tempo anterior. No entanto é sempre bom perspectiva-lo num sentido mais flexível, mesmo por uma questão de optimismo, como diz o velho ditado "há males que vêm por bem" e vice-versa. O pior acontecimento das nossas vidas poderá eventualmente ter como consequência algo de bom no futuro. Aliás, sendo que tudo na vida vem acoplado de um pouco de experiência, um passado que se estende na linha temporal acaba por ser constantemente enriquecedor.
 É mais uma ideia que acaba por vir integrar uma perspectiva de ver tudo o que nos rodeia, porque a vida é o que fazemos dela, nada se altera ao dizer que o mundo é mau ou bom, pois a estratégia de como o enfrentar somos nós que a traçamos.
 Haverá quem diga que é fácil falar, e é, uma vez aceites e compreendidas as ideias. Posteriormente não só é fácil falar como é fácil meter em prática, visto que a melhor ferramenta de trabalho do ser humano são as ideias. Falem-me das injustiças do mundo, elas não vão desaparecer nunca, somos demasiados, as ideias divergem para infinitos sentidos, sem que no meio de tudo exista certo ou errado. Assim, o melhor é aceitar que elas existem e inclui-las como parte da Brincadeira, nunca sabemos até que ponto essas injustiças prepararão o nosso futuro.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Universo logicamente ilógico






Tudo depende de uma escolha, um simples sim em detrimento de um não, uma cor ao invés de outra... O universo das hipóteses é tão grande, quase tocando o infinito, numa amostra de caos completo, interligado por uma estranha lógica, como muitos defendem, uma "lógica caótica". Por isso, em parte, a forte preocupação com o futuro, vista através desta perspectiva, perde o sentido. A vida que temos hoje foi fruto de um leque de escolhas que invalidaram outras possíveis vidas,a questão do E se...

"Tudo poderia ter sido outra coisa, sendo um elemento igualmente importante" - Tennessee Williams

Quantas vidas poderiamos ter tido se uma única escolha tivesse sido diferente? Infinitos rumos, num jogo imprevisível que sofre frequentes tentativas de controlo sem sucesso.
No entanto o rumo escolhido, bom ou mau, é tão importante quanto qualquer outro pois é fruto de uma escolha. Escolher é avançar para um novo mundo de possibilidades, é passar ao próximo nível. Isto não significa que só avançamos quando a escolha nos leva a um caminho que tem como resultado algo bom, pois nunca sabemos o que um acontecimento mau terá como posterior consequência. São as consequências das consequências, um caminho de elementos positivos e negativos numa ordem tão caótica quanto tudo o resto.

Porém seria este o brilho da vida, não propriamente a surpresa do dia de amanha mas sim o alívio que é saber que, façamos o que fizermos, nunca saberemos se será a melhor escolha, porque não existem melhores escolhas, apenas escolhas diferentes que proporcionarão um diferente leque de acontecimentos numa nova ordem caótica. Então a pressão de escolher é reduzida, pois lutar contra uma ordem pré-estabelecida, ainda que preencha um qualquer sentido que queiramos dar ás nossas vida, uma resistência necessária como prova de que estamos vivos, de que nos movemos num qualquer sentido, perde todo o apoio.

Escolho o que acho melhor para mim, mesmo sabendo que é impossível sabe-lo, no entanto sou humano, a necessidade de achar que controlo algo neste mundo, em ultimo caso a minha vida, é demasiado grande, ainda que gere grandes atritos com esta forma lógica de pensar.
Não me debato demasiado com a questão, aponto apenas o engraçado contraste entre duas coisas naturais, o Ser Humano e o seu criador Universo.